CASTING DE EMOÇÕES
ARTICLES • 26-02-2015
CASTING DE EMOÇÕES

San Cristóban de Las Casas, MEXICO


 
 
Já aqui exprimi uma ideia que considero central a qualquer ambição de alinhamento interior: as nossas emoções são bem mais reflexo do nosso pensamento, do que do contexto prático em que ocorrem.
 
 
Assim, todos nós tivemos já respostas muito diferentes em situações relativamente semelhantes. Uma frase parecida, uma idêntica fila de trânsito, uma situação análoga de prazos aflitivos e, quase paradoxalmente, tivemos reações perfeitamente díspares. Uma vez terá puxado mais à neurose, outra foi meramente divertido. Diz-se "depende do estado de espírito". Sim, porque um espírito mais tranquilo permite absorver muito mais, e um espírito inseguro dispara grande reatividade e vontade de controlo.
 
 
Vejo as emoções como personagens que entram numa espécie de casting, candidatos à nossa atenção. Subindo ao palco, uma a uma, representam o seu papel, com direito a cenário, som, luzes e efeitos especiais, enfim, envolvência. E nós associamo-nos momentaneamente com o que nos suscita essa representação. Um medo ou uma discussão, e o palco vai ficar tenebroso, escuro e ruidoso. Pressão, e encolhe-se o espaço entre paredes claustrofóbicas, queremos fugir a correr do lugar. Mas logo depois entra outro candidato, a representar uma paisagem tranquila, ou um bebé a sorrir, imerso numa profunda paz e inocência, e surgem tons rosa e mar e flores a ondular sob uma suave brisa, enquanto passarinhos chilream.
 
 
No backstage, na fila de espera, prontos a entrar estão milhares de personagens! Cada um com a sua emoção, umas repetidas, outras novas, todas candidatas ao envolvimento dos juízes. Numa espécie de fase inicial de "ídolos", se gostam deixam a cena rolar algum tempo e talvez até a queiram voltar a ver na fase seguinte. Quando o desempenho é muito mau, cortam cedo a performance e mandam entrar o próximo, com renovada curiosidade: este não serviu, o que virá a seguir?
 
 
Quando investimos demasiada energia a tentar controlar quem pode ou não entrar na prova, corremos o risco de perder perspetiva e foco. Queremos não deixar entrar más personagens e limitar o casting apenas às boas, mas isso não é possível. Nem desejável, digo eu. E tentando, começa a empecilhar-se o sistema. Tudo se acumula na receção. Há indignação de alguns candidatos, é preciso pôr ordem à força e aquilo que seria uma sessão fluída com os seus altos e baixos passa a ser uma confusão difícil de domar, nem por isso mais agradável.
 
 
Não temos que atuar sobre a lista de candidatos. Não temos que fazer um grande esforço nesse ponto. Deixemos entrar toda a gente que calhar de concorrer. Porque temos valores, há sim que despachar com rapidez os momentos maus, e entregarmo-nos com prazer aos momentos bons. Mas, bom ou mau, é no momento em si que se vive. Não nos levantemos da cadeira da experiência para virmos para os bastidores, manipular, pré-selecionar. Porque isso só vai reduzir a amplitude da nossa experiência e dar demasiada importância e preocupação ao que não queremos vivenciar.
 
 
E como podemos aguardar serenos as tormentas que certamente se aproximam do palco? Sabendo que é só um teatro, e que, garantidamente, sempre vêm bonanças na fila de candidatos. Mantenha, pois, mera curiosidade pelo que virá a seguir...
 
 
 
Gonçalo Gil Mata
 
 
 

 
 

CASTING OF EMOTIONS

 

I’ve already expressed here an idea that I think is central to any internal alignment/grounding ambition: our emotions are much more a reflex of our thinking, than they are of the practical context where they occur.

 

Therefore, everyone already experienced quite different responses to relatively identical situations. A familiar phrase, an identical traffic queue, an analogous situation of distressful deadlines and, almost paradoxically, we had totally different reactions. Sometimes we reacted more towards neurosis, other times it was merely fun. We say “it depends on the mood”. Yes, because a calm spirit allows us to absorb a lot more, and an insecure spirit fires great reactivity and will of control.

 

I see emotions as characters in some sort of casting, candidates to our attention. Entering the stage, one by one, they play their role, entitled to a set, sound, lights and special effects, overall, an atmosphere. And we become mentally associated with what’s aroused by that performance. A fear or a discussion, and the stage will become tenebrous, dark and loud. Tension, and the space shrinks between claustrophobic walls, we want to run away from our seat. But soon after another candidate enters the stage, acting a peaceful landscape, or a smiling baby, immersed in a profound peace and innocence, and pink tones and sea and flowers waving in a soft breeze, while birds sing, appear.

 

Backstage, waiting in line, there are thousands of characters ready to enter the stage! Each one with it’s own emotion, some repeated, some new, all candidates to the judges’ involvement. It’s like the initial part of “American Idol”, if they like it they let the scene roll over for sometime and maybe even want to see him again in the next phase. When the performance is really bad, they cut it early on and call in the next, with renewed curiosity: this one didn’t fit, I wonder what comes next.

 

When we invest too much energy trying to control who can and who cannot enter the competition, we take the risk of losing perspective and focus. We want to not let bad characters in and to limit the casting only to the good ones, but that is not possible. Nor desirable, I say. And if we try, the system starts to tangle. Everything piles up at the reception. Some candidates are outraged, it’s necessary to create some order by all means necessary and what was supposed to be a fluid session with highs and lows becomes a mess hard to tame, and that doesn’t mean it’s more pleasant.

 

We don’t have to act on the candidates list. We don’t have to make a great effort in that point. Lets allow for every applying candidate to enter the competition. Because we have values, we can and should quickly dispatch the bad moments, and to give ourselves with pleasure to the good moments. But, good or bad, it’s in the present moment itself that we truly live. Lets not rise from the experience chair to go backstage, to manipulate, to pre-select. Because that will only reduce the amplitude of our experience and give too much importance and concern to what we don’t want to experience.

 

And how can we calmly wait for the storms that are closing in on the stage? Knowing that is all just a theatre, and that, for sure, there is always peace at the candidates line. So, on this account, keep a mere curiosity for what is coming...

 

 

Gonçalo Gil Mata

 
 

 

1 comment
Jamar
Great post, engaging reading. I like your approach – too many people are obsessed with social media just because everyone else is. The desperate rush to be seen to embrace it often leads to poor execution and incoherent communication. I’ve lost track of the number of Facebook and Twitter accounts that serve no purpose and deliver zero engagement. The problem is this influences the opinions of senior business people who then think “social is rubbish and won’t work for my business”. I agree that unless you are passionate about what you are doing and understand what you are trying to achieve and the tools you need to use to get there, the tumble weed is going to roll!

http://allin1panel.com/blog/new-angle-social-media-marketing-just-released/
in 2017-03-18 00:09:59
Leave a comment:

Name *
E-mail
Message *
Verification